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segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Nunca fui da turma do fundão

Não que eu não gostasse, mas não via!
Não enxergava 
não havia óculos que me fizesse ver;
 se quebravam com facilidade,
nos jogos de caçador 
e correrias, 
joelhos esfolados; 
com curativos feitos pelo meu pai.
 Nunca combinou,
o que eu queria ser e o que era e sou.
A colega de classe usava unhas compridas
tinhamos menos de 11 anos
era metódica arrumadinha
anos depois me acusou de bullyng.
Bem antes nas festas,
 as amiguinhas não eram minhas
eram filhas das amigas da minha mãe.
e apesar dos óculos assisti
 crueldades
de crianças
pisando humilhado
maldade em fitas e rendas
cor de rosa.  
Eu agarrada na saia da minha mãe 
não queria ir brincar
a outra menina invariavelmente chorava 
eu apanhava,
nunca chorei nem retruquei
a menina, terror das festinhas.
Isto foi na infância bem tenra,
que depois um soco na cara bem dado 
resolveu, 
pelo menos o meu problema 
a menina cruel
apanhou antes de receber o presente.
 De todas as quedas,
da sobrancelha rasgada
virei um pouco medrosa, 
a mocinha cautelosa
olhos baixos, antipática,
assim evitava fazer 
o que faço agora, 
cumprimentar todo o mundo; 
o que aos 60 é normal
aos 20 impensável.
Mudou o mundo, a medicina 
eu invariavelmente 
sou alcançada pela ciência
que me alivia a pequena deficiência, 
bem disfarçada, 
pela maneira de viver! 
Escolhi ser normal,
avoada
batendo com a cara na porta
na parede 
caindo nos piores momentos
quando por exemplo
tropecei e passei direto 
pelos pais do recém namorado,
muitas quedas humilhantes, 
que ainda sorrio ao lembrar. 
Faz parte agora das piadas
que coleciono
 das gafes que sigo cometendo
agora sem nenhum pudor.
As lembranças estão
nas cicatrizes
que carrego
cada tombo!!



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