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quinta-feira, 30 de abril de 2015

a véspera

Muitos param no dia do trabalho,
alguns trabalham mais que os outros dias.
Agora tenho feriado.
Hoje então é dia de:
organizar, abastecer
comemorar antecipadamente,
o melhor é sempre a véspera
os pescadores conversam
as redes descansam
se esfriar quem sabe
as águas trazem tainhas.
o amanhã é sempre
uma incógnita.


quarta-feira, 29 de abril de 2015

chove

Chuva insistente,
panela no fogo,
silêncio,
só a chuva nas folhas,
frio nos ossos,
cansada,.
Saudosa,
outonal.
Como o ciclo das estações,
outono aqui dentro.
Impresso pra ler,
livro de orações,
mesa de cabeceira,
caneca de chá,
meia pra vestir.
ir dormir


terça-feira, 28 de abril de 2015

ACARAÍ


 
Caminhei até a foz do rio,
maré vazante
areia plana
água doce e salgada
se misturam
são uma só.

 
O sol partia como todo o dia
mudou foi o ângulo de meu olhar
quase com os pés na água
roupa de trabalho
sandália no pé
nem a elas tirei.
 
 
O pescador indiferente
gaivotas indiferentes
era como se eu não estivesse lá
nenhuma revoada
nada. 
 
Gordas e cegas
da minha presença
seguiam andando
no seu rumo
voltei.
Tanta beleza
poucos na areia
caminham também
enquanto esperam
a noite que vem.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

surreal

 
A luz do outono,
 amanhece
ligeiro
as cores mudam a um piscar.
 
 
Incendeia, muda, chove um pouco.


 
Eu apressada
lamento
que ao sair
a tardinha
seja breve como o amanhecer.
 
 

domingo, 26 de abril de 2015

último domingo de abril

 
Os cães brincam até cansar
depois se aquietam
aqui quase ninguém
assim não importuno;
com eles,
correria
brincar de brigar. 
Eu caminho devagar
sobre nuvens
que se dissolvem ao meu passo
 
 
O cão vira lata
ganha nobreza
sentado ao meu lado,
ciumento,
só ele pode
aos outros
empurra.
Cansei de brigar
recosto no tronco,
que a maré trouxe,
relaxo com eles
já é quase hora de voltar.
 


sábado, 25 de abril de 2015

claridade, ventinho, sol

 
 A casa é arejada
os passarinhos
esperam seu quinhão.
 
Uma garrafa vazia
jogada na beira da praia
aonde se entende que
a mensagem é
vício, descaso, indiferença;
a lâmpada fluorescente queimada
levei embora comigo
vai para o lixo reciclável
assim ninguém se machuca 
 
Enquanto isto eles brincam
correm
se molham
voltam exaustos.


sexta-feira, 24 de abril de 2015

barranco, meditação, procura, meia lua


Não diminui
se mantém
pra mais ou pra menos
acho que fica
 

 
enquanto ao amanhecer
o velho medita
sonha com um dia bom
 
 
a tarde já se vai
o tarrafeiro
procura
o melhor lugar para se lance
não vi
fui embora, outra praia me espera
 
 
aqui, a agua morna
lugar de duas meninas,
fêmeas, senhoras
de si,
eu e a Preta
felizes da vida
sorvemos sozinhas
a meia lua
e o fim do dia.
A parceira
declinou o convite
veio pra cá correndo,
não quis carona
os cães nos esperavam com festa.
 

terça-feira, 21 de abril de 2015

segunda-feira, 20 de abril de 2015

o segundo sábado

Segunda com cara de sábado
um domingo de outono típico entre os dois.
Hoje me forço a ficar em casa
mas a praia ainda esta cheia;
maré alta,
crianças brincando,
somente cadeiras,
já que o sol não deu o ar de sua graça.
Eu saio sozinha
e passo devagar.
Paro fotografo
hora de voltar pra casa
amanhã será o segundo domingo
depois?
Quarta!


domingo, 19 de abril de 2015

olhos postos ao mar

Todo o pescador
todo o nascido aqui
 alerta
chegaram mais cedo
as tainhas.
Eu
que nem turista, nem nativa,
moradora por escolha
observo,
espio,
fotografo,
os ciclos desta ilha
sempre igual
 totalmente diferente.
Este ano ainda
o frio que o jornal anunciou,
não chegou por aqui.
Ainda bem


sábado, 18 de abril de 2015

duplicidade

Duas cadeiras azuis
o par conversa
na beira.
As gêmeas dividem o espaço,
a mãe, os brinquedos
a vida,
depois se tornam adultas
fazem escolhas por si.
Os tarrafeiros espreitam quietos
o mar, o cardume,
lado a lado.
Dupla, duplicidade,
cumplicidade,
amor
diferente da burocracia
a vida segue
alguns em dupla
outros em pares
alguns em turmas
em tribos
a sós.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

véspera de feriadão

Indo trabalhar
bem cedo,
enquanto o garoto
procura ondas melhores.
Dia de formiga,
dia de cigarra,
vendo o mundo girar;
sou expectadora.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

A cigana leu o meu destino

Nem era cigana, pois delas tínhamos medo
acampavam perto da casa de veraneio do meu avô;
viviam em tendas, vendiam tachos de cobre,
tinham as mãos morenas cheias de anéis de prata.
Destas fugíamos , roubavam crianças, diziam os antigos.
Se fosse hoje não haveria espaço para as tendas
cada pedaço de chão tem dono.
Eram mulheres comuns
tinham, casa, hall de entrada,
tapete e mesa.
A primeira lia em um copo d´agua
disse que minha vida seria um caminho cheio de luz;
pra minha amiga o oposto
Seria um caminho tortuoso, escuro.
Lembro, que mocinhas, ficamos impressionadas!
E se não tivéssemos ido
o caminho dela teria sido escuro?
E o meu ? Eu acharia cheio de luz?
Penso agora,
 Que quando alguém prevê o futuro, programa
de uma certa forma, a vida das impressionáveis.
Cada vez fui menos....
O futuro a deus pertence dizia
Não ia, não vou!!
A última que fui,
me disse que perderia minha mãe
meu pai iria em seguida
Ainda bem, minha mãe não tomou conhecimento,
segue vivinha
triste pela ida de meu pai;
eu calada não permiti que
eles programassem
para que esta tivesse razão.
Mas chorei um bocado
pelo luto antecipado
tudo foi diferente;
o futuro?
a Deus pertence!!

quarta-feira, 15 de abril de 2015

feriadinho

 
Pra acordar mais tarde 
 

terminar pequenas coisas pendentes
ver o mar sem pressa
reparar o ninho da pata
com varinhas de eucalipto
que vou juntando no chão 
 
 
medicar o cão
 fujão
com a ajuda do vizinho.
Usar a havaiana mais velha
molhar os pés ao por do sol.
 
 
Perceber que cada comerciante
entendeu a sua maneira
o aniversário da cidade
umas lojas abertas
outras não,
assim como no passado
a cidade tinha 500 anos
agora mocinha só tem
168 aninhos
da pra acreditar?
Não é só ela que aniversaria
parabéns Zezé
pelo seu dia.

sábado, 11 de abril de 2015

voar,avoar,avoada,alvoroçada

 
Passando do meio dia
 pleno abril,
sentadas
frente ao mar
dia claro
pouca gente;
uma família,
mãe e filha,
a gaivota
alça voo
hora de ir!
 
 

sexta-feira, 10 de abril de 2015

quinta-feira, 9 de abril de 2015

de passagem

Minha amiga vai voltar
tá morando no interior
foi atrás da felicidade
 junto do seu grande amor
eu queria que a praia
estivesse como antes
agua morna
pouco vento
pra ela matar a saudades
que sei bem que ela sente
Mas quem sou eu ?
Se nem a minha vida controlo
preciso de simpatia
do afeto dos amigos
como o dela
me faz falta!!

erro

 
Errado, mal batido,
a fogueira
queimou
eu passei.
apagou.
A vida é cheia de erros
vidas desfocadas
imagens passageiras
perdemos
erramos
e então
acaba
a paixão;
outra faze
virá;
com certeza
boa igual.
 

terça-feira, 7 de abril de 2015

terça feira

O índio deitado prenuncia
o dia será lindo
o outono se enfeita.
Os homens observam
os cardumes passando
deviam ser muitos
haviam tantos pescadores
tarrafas e redes
e entre eles a noiva;
abraçada ao futuro marido
era fotografada
que a união seja longa e feliz 
 
Um pouco mais tarde
as duas mulheres
andam devagar
uma tem nos braços
uma criança adormecida
sussurram confidencias
eu cansada,
exausta
vou pra casa
mas antes
pilates.
 

as nossas vizinhas

È com alegria que
todos os dias
no mesmo horário
sérias ou sorridentes
estão nossa vizinhas
comadres, amigas
sentam ao sol.
A tricotar novidades.
algumas atravessam
pra dar bom dia
são velhas conhecidas
antigas colegas,
que habitam a anos
a nossa vizinhança.
Nosso trabalho
é a extensão das suas casas
direito adquirido
pelo hábito
pela constância
liberdade e intimidade
que afinal temos
umas com as outras
fico feliz de ter
estas mulheres por perto
na foto
falta a Marina
um beijo pra ela.
 


segunda-feira, 6 de abril de 2015

relendo

Parece tudo tão ingênuo
mas como é que pode se eu não sou?
acho então que tem uma parte de mim, separada de mim que é!!
Serão os meus dedos? Ou uma parte do meu cérebro que não amadureceu
em algum lugar sou criança, que faz rima bobinha
que relê e nem se importa
que outros vão ler também
talvez me achem simplória, ou superficial
acho que as duas coisas também fazem parte desta pessoa.
Que cisma em escrever,
e nem liga em publicar.
Uma forma de despudor
de ser afinal tudo isto
e mais ainda
o que eu guardo
pois não me atrevo
ainda estou na primeira infância?

dois dias depois

A chuva mansa do meio dia
transforma-se em ressaca, ventania
E o outono chega,
pra ninguém duvidar
é ele e seus humores
voa cabelo, saia, espuma do mar;
eu me encolho, não gosto.
Tenho esperança que seja breve,
mas como todo o ano
vem pra ficar
mais do que deve.
E o verão
com suas roupas leves?
Guardadas
e tira casaco do armário
bota gorro,
usem luvas
que o inverno sempre
precisa de um cahecol.
 

quinta-feira, 2 de abril de 2015

guarda compartilhada

É da rua
cuidamos
foi abandonado
adoeceu levei para o veterinário
melhorou
continuou por aqui.
Não consigo castrar
os outros convido pra sair
vão.
Ele foge
chora
e por isto foi ficando
sumiu uma semana
entristeci
fico falando de cachorro,
dele;
até que voltou
sozinho
magro
esbórnia, falou o vizinho.
De hoje não passa
marquei, avisei, combinei,
só esqueci
da minha idade
correr atrás de cachorro?
Desisti!
Aceito minhas limitações
este fica do jeito que tá
se fizer muitos filhos,
se morrer em combate,
com outros cães...
tá machucado
fora e dentro
cuido do corpo
alimento
acarinho se deixa
mas fica só ai.
 


quarta-feira, 1 de abril de 2015

as tardes

Tardes de outono
 as cores se modificando
a rede parece leve
translúcida
 
sempre acompanhada
barcos
por todo lado.
 
E a lua
discreta
me observa
enquanto brinco com os cães
breve será cheia.