Arquivo do blog

domingo, 29 de agosto de 2021

Difícil é deixar ir

 Agora eu pergunto

Tem uma longa vida que partiu e deixou lembranças,

lembranças dela das amigas que eu nunca vi,

E na sua amorosidade guardou também cadernos de recordações 

Dela, da irmã que espiritualmente está em outro 

lugar. Eu pego os cadernos cheios de fotos de meninas com letras desenhadas

dedicando poemas as duas irmãs! Me pego lendo, tocada, mas não é assim que se faz uma despedida

Também não posso ceder ao meu espírito prático e por no reciclado para alguém aproveitar.

Então com todo respeito encharco com material inflamável,

peço licença, explico que não tem mais sentido e queimo.!

Agora as fotos 3x4 aonde não me reconheço

Aonde tem pai e mãe em todas as fazes 

vão para um mosaico que só eu vou ver!  


segunda-feira, 20 de julho de 2020

As duas vidas de Anna

A minha Anna casou com meu pai,e ele atravessou junto a ela estas duas vidas
Na primeira a Anna agarrada a família,
Um amor dedicado, incondicional, apaixonado.
Dedicada ao pai,mãe avós irmãos sobrinhos todos!
Então todo este amor causou muito sofrimento, muito desapontamento.
Foi tanto que ela perdeu o amor, perdeu casa, perdeu, perdeu....
E aos quase cinquenta, ela e meu pai recomeçaram do zero!
A ilha deserta na época era perfeita, 
entre dunas foram morar, criaram raízes,
criaram netos, criaram amizades,tantas; 
a praia era o quintal de casa, a sala de estar,
o sol e o mar como testemunha criaram laços
debaixo de guarda sois!
E Anna foi feliz duas vezes, com muita dor intensa e longa no meio.
Anninha da segunda faze foi feliz mas tão feliz, que a morte não ousava.
Foi pega de surpresa e nos deixou de repente.
Foi embora sem aviso sem doença, partiu!
Menos de 48 horas sem mais foi e nos deixou.
Perplexa, em lágrimas sozinha, vazia, cheia de dor!
Já não pego o telefone pra ligar.
Na casa dela, vejo a cama vazia,
meu olho chora, meu corpo sente falta do cheiro da voz
do riso da animação!
A imagino inconformada, depois imagino abraçada ao meu pai seu grande amor.
Fazem cinco meses que eu acordo com os últimos momentos dela, 
durmo pensando nela, choro a cinco meses todo dia; 
cada vez menos, já canto, já rio, já tenho momentos alegres
Dentro do possível, há uma pandemia mundo afora!

sábado, 20 de abril de 2019

A minha Tânia ruiva!

Morava na 24 de Maio. rua movimenta da minha cidade
Tinha um cuidado enorme com seu irmão mais moço,
 preocupada-se, e se ele precisasse atravessar a rua?
Cresceu namorou um amigo terminou namorou de novo
Já estava na Universidade, desta vez, um amigo de infância meu!
Bem mais jovem; que 3 anos quando se é adolescente parece muito,
mas mesmo assim nos tornamos amigas;
quase nada em comum.
Ela com uma tragédia na sua história, o irmão adorado morreu em um acidente, 
na noite da festa de formatura!
Generosa adotou um menino, 
e enquanto ele precisou fez a lição de casa com ele todos os dias.
Estudiosa não se contentou com uma universidade!
Já com os filhos adultos fez outra.
De uma sensibilidade tocante em suas fotos amadoras,
premiadas
decoraram minha casa durante meu exílio voluntário!
Arqueóloga apaixonada, especializada em porcelana do seculo XIX !
Via as fotos, ela em campo,
 fotos de uma mulher completamente plena de felicidade!
Então, em um exame de rotina aparece a doença.
Não sinto nada me dizia no principio
 Ao visita-la depois de anos fora de minha cidade natal
contou com mais detalhes;
Estoica, não reclamava
Só ficava quieta, era quieta! 
 Ruiva olho verde pele alva linda
Um sonho de pessoa 
um sonho de amiga
discreta, parceira, irônica bem humorada! 
Como é que eu vou viver sabendo que não esta mais aqui?
Nos mantivemos ligadas todos estes anos.
Esta bem aonde esta e se não estiver agora, vai ficar 
Que as minhas orações haverão de chegar até aonde ela estiver.
E os meus olhos escorrem lágrimas.
Pelo pai lúcido que perde a ela,
Pelos guris, pelo marido, parceiro impecável que sempre foi!
A minha Tânia ruiva não esta mais entre nós!
Foi embora, desistiu, cansou de tanta dor
Querida vá em paz vai ficar tudo bem!! 

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

o silencio e o calor

Muito quente, verão atípico sem chuvas
casa com filhos eu sem trabalhar
acordando e dormindo livremente
sem ruídos, sem fazer ruídos
época de silêncios 
de um pouco de isolamento
de criar um pouco ler um tanto e fazer nada
olhar o céu absurdamente azul
reclinada na cadeira de praia
hora indo ao mar,
ora deitar a sombra e ler
vozes em espanhol vem da barraca ao lado,
são Argentinos, vieram de tão longe.
Ontem voltei a rotina do trabalho
dos cochichos, dos quitutes, da energia insatisfeita que sempre paira no ar.
A música me acompanha e me resgata 
o belo men resgata do descartável!
O sol segue brilhando 
a praia ainda tem Argentinos
amanhã é sábado
a vida segue sem sobressaltos
descarto o que me aborrece
indício de sabedoria
enfim! 


quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

as avós a mãe as tias e todas s mulheres que me cercaram e me forjaram

Chegava por trás do marido
passava os dedos carinhosamente na vasta cabeleira
Perguntava com ar astuto, voz suave.
-Queres alguma coisa Chico?
Entediado ele respondia
-Sossego!
Ela levantava uma sombrancelha olhava minha mãe,
e só com o olhar dizia:
-Viu?
Recuava vitoriosa, havia com um gesto mostrado como o marido a tratava.
Esta mulher eu não conheci, era a minha avó por parte de pai.
Me pego na internet, em desacordo com desconhecidos argumentando,
Até o infeliz perder as estribeiras e por falta de argumento me dizer grosserias.
Sorrio do lado de cá !
Mostrou-se
-Viu? 
É minha avó em mim mostrando o caráter do infeliz.
Outras vezes em que a pessoa mente, eu sei que esta mentindo.
Levanto a cabeça e olho! Só um olhar e eles sabem que eu sei;
É a minha avó Carmen que eu vi fazer isto tantas e tantas vezes.
Me prosto em devotas orações peço por meus amigos 
pela saúde pelos fim dos vícios, não sou eu ,
É minha tia Yaya tão devota que esta em mim.
Algumas convivi, outras ouvi contar,
A influência de dona Vó, que tinha o poder do dinheiro, pela sua trajetória de vida deixou um legado de honradez.
A impaciência de Vó Beth que detestava crianças, as delas inclusive.
Eu sou elas um pouco todo o dia 
eu sou feita delas das loucas furiosas, das que em lágrimas choraram rios.
Um pouco de cada uma juntas eu virei 
Sou sábia em um dia, meditativa e curiosa no outro
Criativa de não poder esperar.
Doceira pra complementar o orçamento.
Receita da que foi abandonada n casa da mãe, o marido nunca voltou!
Tenho brancos de medo e susto.
sou tudo isto e filha e mãe da Anna que tem duas mães
antes de nós teve a Carmen
Anna teve três mães no total.
Ela reclamava da primeira 
Mas nós somos piores
Sorte dela.


segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

a espera

A casa foi assaltada mais de uma vez
a família resolveu deixar 2 cães dos que moravam com eles 
aqui na praia sozinhos, alguém da comida;
mas não cuida!
Se cuidasse um deles não teria morrido enforcado na sua própria coleira,
sobrou a idosinha, cabeça branquinha;
late pra tudo, arredia;
 o vizinho do lado
não vem em casa todo o dia,
porem quando esta em casa, 
compadecido, da o que ela não tem,
atenção, carinho, afeto.
Ontem ao sair de casa,
a vejo silenciosa 
sentadinha de frente para o muro
que divide as duas casas
esperando o vizinho carinhoso acordar!!
Amor e gratidão conquistado!

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

a hora do silencio

O almoço engolido
o beijo apressado
a casa vazia 
fresca e escura
não deito, desabo, 
 passarinhos, cão que late 
parece tão longe 
o gato resmunga
peço silencio
schhhhh
Ele pula na cama,
se acomoda 
afundo uns segundos
neste silencio dentro de mim,
o corpo pesa na cama
respiro fundo,
o despertador avisa.
É hora;
vinte minutos 
e retorno
pedindo
mais calma,
mais escuro,
mais silencio!
Um pouco do fazer nada
no escuro do meu quarto.