Arquivo do blog

terça-feira, 21 de agosto de 2018

a hora da partida

Um certo torpor, amanhece;
emerge de um sonho cheio de amigos
conversas, caminhadas .
A luz do teto volta a ferir os olhos
parentes mais jovens acordam cansados;
sorriem ao desejar bom dia,
a faze do constrangimento já passou, faz muito tempo
agora é esperar que o nó se desfaça
que a vida se acabe
que a dor passe
que tudo termine logo
O tempo não tem mais sentido
a vida também não
a velhice veio junto com
dor limitações doenças
a morte é o desfecho
esperado por todos
o hospital, o último estágio.
A casa não foi projetada pra tanta idade.
La na casa
eram felizes
tinham netos pequenos
tinham planos a curto prazo,
 sabedoria mais alegria
eram um par e tanto.
O tempo comeu o entusiasmo
comeu a saúde
a habilidade
e agora só resta esperar
pena que foi tão rápido
pena que foi tão bom.
Difícil desapegar
engole as lágrimas
 ninguém percebe.
O entra e sai de enfermeiras e médicos
impedem de descansar, impedem de morrer.
Mas uma noite se desprende
sensação de vertigem cair no vazio
depois flutuar
partir.