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terça-feira, 31 de outubro de 2017

Rever

Rever as velhas amigas
Rever  cidade que nasci
Ficar na praia que cresci
caminhar no corredor de eucaliptos que não causam
nem espanto nem medo.
Andar entre a minha gente
que sabe de onde venho 
e sabem que sou de lá.
Não me olharão com estranheza,
Nem como turista
Aquela praia me forjou
gostando de solidão,
 liberdade,
e amplidão.
Batida pelo vento.
Vento sul.
Sem trégua,
não da sossego.
E por mais que eu ame aqui
que é meu lugar no mundo
O sul não sai de mim.
Vivo ha mais tempo fora de lá
mas de lá nunca me esqueço
e sempre com desenvoltura 
e emoção que vou,
quando vou,
e vou cada vez menos. 
Mas tem dias como hoje 
que o vento aqui é tão forte 
que parece que estou lá

!
então me apeta o peito
e me vem sem querer
vontade de chorar!


sábado, 14 de outubro de 2017

remendo


Parecia coisa pouca
mas ao tirar a tinta
tirei o remendo junto
e aparece o espaço
que tinha de ser preenchido
escolhi as lembrancinhas 
nos guardados esquecidas
e junto com a areia da praia, 
conchinhas,
fundo de relógio,
presente do meu pai,
quando ia pra Argentina.
Medalha de santo Antonio
que a Sally me presenteou,
 de tão devota que é,
nomeou um  filho seu.
O botton de por na roupa 
ao visitar o museu,
e foram tanta visitas
que ate perdi a conta.
o remendo é trasparente
um tanto irregular
mas não derruba os copos
e isto me basta.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

O beija-flor e a velha mesa

Ficou mais de duas semanas na beira da estrada
pintada 
no começo sol, eu diminuindo a velocidade
Assim começou a história de amor
da mesa e eu,
Mais uns dias, eu surpresa, ela ainda estava la
Chovia...
ela apesar da tinta levemente envergada pela água,
aguaceiro
e ela não saia de la
Eu parava, procurava o dono
Nada
Media em palmos, dois metros de comprimento
gavetas, antiga com certeza,
ninguém mais constrói mesa com gavetas.
Um dia enfim encontrei alguém que me vendeu 
Depois de uma rápida negociação aonde eu não arredei pé!
O sol rachava de novo a tinta e ela se aprumou
Enfim a colega querida trouxe-a ate aqui.
resolvi tirar a tinta do tampo e aflorou a história!
A cada marca, ranhura, sulco, uma história a imaginar;
quantas mãos não a tocaram?
A beleza da idade 
a cor linda debaixo de tantas camadas de cor


E eu encantada com tanto que fazer
sulcos a preencher da minha maneira
inspirada na amiga que já se foi.
A vida segue e o beija-flor descansa
entre um beijo e outro pousa delicado,
se esperou ate eu achar a máquina merece
ser postado
foi um click e ele voa ligeiro
desapareceu!