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terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Beth e Heloisa

Início de noventa
a casa comprada em plena inflação louca
Perdeu-se o a noção de valor.
 Muros baixos
Ninguém mora la
Vim de longe, 
bairro movimentado
ficando violento
Aqui o paraíso
a casa com uma muda de goiaba no fundo, vizinhos só no verão
Ao fundo a Beth
dois pinheiros altos um na frente e outro nos fundos 
no telhado mangueira preta
serpenteando todo o espaço,
assim vi o primeiro aquecimento solar
completamente artesanal 
nas torneiras água quente,
feito pelo pai filho e marido habilidosos.
O pai paraquedista, lutou na segunda guerra.
 foi preso pelos aliados;
ao final da guerra,alemão, imigrou.
A mãe trabalhou, adolescente, 
em uma fábrica, ia e voltava de bicicleta ,
no final da guerra se perdia;
as bombas que explodiam haviam mudado a geografia. 
Fui recebida por ela como sempre tentei receber meus novos vizinhos, 
com sorrisos, e amizade.
Na frente Heloisa,
amiga de fé até hoje 
mesmo não nos vendo formou-se uma empatia
e laços de sincera amizade
me faz falta, ela, sua mãe.
Os meninos ainda estão por aqui.
Ela quase não vejo,
vida corrida.
Beth vendeu a casa, árvores cortadas
paredão azulejado 
Mudou a vida 
mudaram os vizinhos 
mudou a energia amistosa
e eu que trabalho tanto
que cultivo amizades da mesma forma 
que cultivo plantas 
com cuidado,
A rua que vi vazia
a rua que meus filhos brincaram de equilibristas, 
nos muros baixos das casas vazias.
Mas nada que o sol não resolva
que a sombra fresca
não amenize
alegria de estar aqui
no meu lugar no mundo
ruas mudadas
casa maiores
e a vida segue
verão é sempre bom



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