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segunda-feira, 10 de outubro de 2016

O crime

Escola ha dois bairros da casa.
O bairro de classe média
com uma favela ao lado.
Um só carro pra família, 
o marido
indo buscar os hóspedes.
Eu de táxi voltando da escola com as crianças;
Pequenos, primeiro grau.
O colégio? O melhor que podíamos pagar,
sempre foi assim.
Pago e descemos,
Meio dia!
O taxi arranca feito louco,
ensurdeço por um segundo,
estampido
seco.
 Então ha dois passos da filha,
um saco de papel pardo no chão,
dois homens
quase corpo a corpo
os dois e a menina!
Então o segundo tiro
A vítima não gritava,
o braço se movia como se não mais pertencesse
a ele.
Eu tentando proteger os pequenos
e ao mesmo tempo abrir o portão de grades
de ferro
consigo!
Mas faltou a porta
a chave do lado de fora!
Pendurada na fechadura,
sigo ouvindo tiros;
corro pra pegar a chave.
Tremo horrorizada
um homem atarracado
passa em frente a mim
trota, não foge.
Balança os braços,
boné, calça azul, blusa, vermelha,
segue na corrida voltando a cara.
Me encara
na mão o brilho da pistola
cromada.
Ninguém se machucou!!
E o silencio la fora?
Alguém morreu!
Ficamos em silencio,
quietos não saímos mais.
Na padaria dias depois:
-Uma mulher morreu aqui na outra rua, gritou muito!!
Os gritos eram meus!
A mulher era eu
terror, não lembro de gritar!
Vim pra ilha
la não volto mais.
  

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