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sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Sueli

Morena de lábios cheios
cabelo muito liso, azul de tão preto era;
filha de d.Olinda, mulher corajosa que ficou 5 dias 
de arma em punho junto com suas duas filhas pequenas 
a espreita,
depois que mataram seu amado marido com um tiro só;
na nuca! 
Por desavenças de terra!
Mas isto foi no início do século, na fronteira do Rio Grande!
Esta viúva valente nunca mais casou apesar de bela,
( diz o folclore que atirou um gato, que dormia no sol, em um atrevido).
Cuidou das duas filhas bonitas também.
A mais jovem, Sueli, a morena, a índia, veio a ser a minha sogra,
mulher de silêncios,
a mulher metódica,
de horários,
de afazeres, de caminhadas,
de desvelo aos seus 3 guris.
Com a mãe, parceira que esteve ao seu lado ate a morte;
cuidou da família quietamente.
Os sorrisos vieram com os netos.
Depois dos netos sorriu.
E nós as duas; tão diferentes nos parecíamos
eu a entender a ela e ler seus silêncios!
Aquela casa tão masculina.
No sul do sul.
E as duas em volta a cuidar.
Protegeu, amou, perdeu o filho mais moço sofreu, adoeceu.
Em dor sem gemidos 
Em dor sem lágrimas
Partiu silenciosamente do jeito que viveu.
Os seu amados netos estão agora se despedindo.
Partiu para o outro lado do caminho
aonde esperam por ela 
a mãe dedicada, o marido apaixonado e o filho caçula
Foi em paz, merecida paz.


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